Minha pequena (mas importante) pesquisa revelou que tudo que é definido é limitado. Explico: a tia da coxinha tem um computador em casa que não sabe usar (é da filha) mas todo dia cria e troca um conteúdo gerado por ela mesma: coxinhas recheadas com diferentes complementos. Troca pelo quê? Por dinheiro. Seria isso o mesmo que User Generated Content (UGC), ou seja, Conteúdo Gerado pelo Utilizador? Ela não sabe e continua vendendo suas coxinhas do mesmo jeito.
Expliquei para a empregada o que era Web 2.0. Eu não disse que “Web 2.0 é um termo criado em 2004 por uma empresa para designar uma segunda geração de comunidades e serviços, tendo como conceito a “web como plataforma”, envolvendo wikis, aplicativos baseados em folksonomia, redes sociais e Tecnologia da Informação“. Disse que era um lugar para conhecer pessoas e trocar idéias, um lugar para se divertir. Aí ela entendeu. O salão de forró que ela frequenta nos fins de semana faz a mesma coisa.
Os demais exemplos seguem a mesma linha.
A “revolução” das Mídias Sociais parece tão inovadora quanto a invenção do telefone pelo italiano Antonio Meucci por volta de 1860. E realmente é porque blá, blá e blá mas não se trata de uma revolução. É apenas a evolução de dois sistemas que se encontraram: a mídia e a sociedade. Então porque as empresas continuam como aquele urso do desenho animado que corre com o corpo para um lado e a cabeça para o outro?
Ok, Fique comigo e não faça essa cara zangadinho(a) porque acabou de contratar um “especialista em Mídias Sociais”. O buraco é mais embaixo. Levou um bom tempo para sociedade aprender como usar o telefone e mais ainda para se acostumar com ele como uma solução de comunicação. Precisamos do especialista como UGCs? Não. E como empresas? Sim, mas com reservas.
Enquanto as empresas continuarem seguindo apenas os modismos da tecnologia sem aprimorar o seu próprio conteúdo, teremos o que se viu no flash mob de uma famosa marca de chocolate: um fiasco. Parece que tanto empresas quanto agências se esquecem que mídia significa “aquele que está no meio”. Para uma empresa o “aquele” deveria ser o cliente e não a ferramenta.
Para mídias sociais como o Twitter e o Facebook, o cliente chama-se mundo. E no mundo existem gregos, troianos e corintianos. Nem o melhor especialista em mídias sociais conseguiria agradar essa gente toda. Então pare de colocar a sua empresa em cada nova mídia social que aparece. Não vai dar certo. Invista nas pessoas.
Contrate mais pessoas de diferentes idades e segmentos que representem o seu consumidor. Converse com elas ao vivo, off line, olho no olho. Na agência, convide o Mídia para assistir palestras de gente legal como a do Augusto de Franco no TEDx São Paulo. Aproveita e leva a Pesquisa e o Planejamento também. Pessoas sempre serão as melhores ferramentas de comunicação.
Ou escolha achatar a sua mensagem no melhor estilo arrastão, não trabalhar com uma boa agência de propaganda que tenha um planejamento eficente (leia-se logística e pesquisa) e dê para o seu cliente papel picado quando ele espera chocolate. Para empresas assim, que continuam achando que só a ferramenta é suficiente, fiquem fora das mídias sociais: lá, ninguém quer falar com vocês.
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Marcos Oliveira, 40, é redator publicitário e casado com a Arte (porque amante já tem muito). Não acredita em corretor ortográfico e detesta acordar cedo para descobrir depois que a reunião de briefing foi cancelada. Seu blog de variedades possui apenas um seguidor: ele mesmo e suas duplas personalidades. Escreve para a Casa do galo quinzenalmente, às quartas-feiras.
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