As redes sociais, antes consideradas um espaço para adolescentes, são agora usados para negócios.
Desde 2005, David de Oliveira Lemes tem seu currículo na rede social
LinkedIn, uma espécie de “orkut” da vida profissional. Até o ano
passado, no entanto, ele — assim como muitas outras pessoas cadastradas
na rede — não tinha encontrado ainda uma utilidade prática para o
endereço virtual. “Nunca tinha atualizado meu currículo”, lembra. “Só
fui fazer isso em agosto do ano passado, porque um amigo disse que
tinha recebido uns contatos de emprego [por meio do LinkedIn].”
Dez
dias depois de ter recheado seu currículo de informações, Lemes teve
uma surpresa: ele foi “descoberto” por uma consultoria de recursos
humanos. “Não pensei que seria tão rápido assim”, diz. Em outubro do
ano passado, ele trocou seu antigo emprego, como designer no núcleo de
mídias da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, para
assumir a supervisão de mídias digitais do Ibmec, também de São Paulo.
Lemes
não é o único exemplo de uma tendência cada vez mais forte na internet.
As redes sociais, popularizadas por sites como Orkut, MySpace e
Facebook, estão deixando de ser um mero passatempo virtual de
adolescente. Em vez disso, essas teias — formadas por pessoas
desconhecidas entre si, mas que podem obter benefícios reais ao se
encontrarem na web —, tem atraído muitos adultos interessados em
transformá-las em uma ferramenta de negócios na vida real.
As
redes sociais são um fenômeno recente, mas remetem à teorias que já têm
décadas, como a dos seis graus de separação. A lógica é de que há uma
teia invisível ligando as pessoas.
O LinkedIn é um
exemplo disso. Classificado como uma rede profissional, o site é usado
para tarefas como recrutar pessoal, encontrar emprego e fazer contatos.
Até agora, nada menos que 26 milhões de pessoas já criaram páginas com
suas informações profissionais no LinkedIn— metade delas nos Estados
Unidos.
É o caso de Fabio Fzero, especialista na
programação “ruby on rails” — uma espécie de linguagem para a internet.
Ele estava procurando emprego quando recebeu uma proposta. “Meu atual
chefe estava pesquisando profissionais que dominassem esse tipo de
programação no LinkedIn e acabou me encontrando”, conta. Em pouco menos
de um mês, Fzero estava de mudança do Rio para São Paulo. Em fevereiro,
ele assumiu a posição de programador de um projeto para toques de
celular da Arvato Mobile Brasil, empresa de tecnologia que oferece
serviços para celular e é controlada pela gigante européia Bertelsmann.
Além
dos usuários, os investidores também começam a enxergar o potencial
desse emaranhado de dados pessoais. Fundado em 2003 e sediado no Vale
do Silício, na Califórnia, o LinkedIn está avaliado emmais de US$ 1
bilhão. A estimativa da companhia é alcançar receita entre US$ 75
milhões e US$ 100 milhões neste ano, mais que o dobro do registrado em
2007.
Os grandes grupos já farejavam a oportunidade de
investimento. O Orkut, adquirido pelo Google, é hoje a rede social mais
popular entre os usuários brasileiros. São 60 milhões de membros no
mundo, mais da metade deles no Brasil. Já o conglomerado de mídia News
Corp. pagou US$ 580 milhões, há três anos, para adquirir o MySpace.
O
Facebook teve seu valor de mercado rebaixado recentemente em relação à
estimativa inicial, de US$ 15 bilhões. Mesmo assim, o preço continua na
casa dos nove zeros: o site vale cerca de US$ 5 bilhões. Outro exemplo
é o da AOL, que neste ano pagou US$ 850 milhões pelo Bebo, rede social
mais popular do Reino Unido, com mais de 40 milhões de membros.
Na
maioria dos casos, ainda sequer foi encontrado um modelo de negócio
lucrativo. De qualquer forma, os grupos querem posicionar-se para
garantir seu espaço. No LinkedIn, a adesão é gratuita, mas a empresa
definiu quatro pilares de vendas: anúncios on-line, classificados de
emprego, pacotes para empresas e ferramentas mais sofisticadas para
usuários. A competição é crescente. No mesmo segmento do LinkedIn, por exemplo, competem o Plaxo e o Jigsaw.
Florencia
Pettigrew, há cinco meses no posto de gerente de marketing
internacional do LinkedIn, encontrou a vaga no próprio site. A
executiva é argentina, mas morava em Genebra quando seu marido disse
que eles precisariam mudar para a Califórnia. “Já participava do
LinkedIn e comecei a buscar ofertas, quando descobri o emprego”, conta.
Há 225 grupos no LinkedIn relacionados ao Brasil e a versão do serviço
em português vai sair em breve, diz a executiva.
O uso
das redes sociais vai além de obter empregos. O advogado Renato Opice
Blum, especializado em direito eletrônico, acelerou uma ação judicial
devido a um contato de uma rede social. “Não lembro se foi no LinkedIn
ou no Plaxo. Mas se não tivesse o contato, teria demorado mais para
resolver a questão”, diz.
Alexandre Atheniense, outro
advogado especializado em direito de informática, é fã das redes
sociais. “Participo do Plaxo, LinkedIn, Facebook, Orkut, Myspace, além
de 15 listas de discussões e um blog”, conta. “Acredito ter uma rede de
20 mil pessoas.”
Atheniense está usando essa
visibilidade para difundir seu novo projeto: um curso à distância com
temas de direito, previsto para setembro. “Comecei a fazer a divulgação
há 20 dias e hoje tenho 100 inscritos”, diz o advogado.
Fonte: Jornal Valor Econômico – 25 de agosto – Caderno Tecnologia & Comunicações
Fonte: http://www.dnt.adv.br/midia-publicacoes/entrevistas/redes-sociais-ganham-apelo-profissional/
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