Design é complexidade resolvida. A própria frase é metalinguagem, é a expressão mais resolvida do papel do Design como prática. Mas mais do que o Design como finalidade ou como forma, o Design, como processo construtivo e criativo, é uma forma de pensar, uma abordagem do momento para a Inovação dos negócios e da própria sociedade: Design Thinking.
Em outras palavras, ser resoluto, pensar de forma elegante e complexa, mas resolutiva. Atualmente, ser direto, objetivo, conciso, consistente e simples é o maior diferencial que se pode obter no contexto emaranhado de informações dos mercados e sociedades. Somos agentes de informação, plugados ininterruptamente em redes e comunidades, disseminando instantaneamente milhares de informações.
Em suma, somos complexidade em essência, parecemos complexos e, como consequência, incompreendidos em sua totalidade. E, como em qualquer ambiente saturado, busca-se uma diluição, diluição da complexidade com simplicidade.
De forma bem resumida, o Design Thinking sugere que se considere toda a complexidade de um problema no momento de analisá-lo profundamente. Refletir sobre as origens, premissas e essência. Analisar as implicações, impactos e consequências. Adotar as mais variadas metodologias, frameworks e processos analíticos para estressar o problema à exaustão. Pesar prós e contras.
Criar cenários e mais cenários considerando múltiplas combinações das variáveis disponíveis. Enfim, gastar toda a energia necessária para se cercar de sólidos argumentos que subsidiem a tomada de decisão. Ou não, agir no instinto, no impulso, no feeling, no senso de oportunidade e na experiência. Agir como convier, até se escolher o caminho que se quer seguir.
Uma vez decidido, se livrar de toda bagagem de complexidades e ser simples, gerar valor e, principalmente, significado. Portanto, a premissa do Design Thinking está na Visão Única do Usuário (público a ser beneficiado) na percepção de que o resultado do processo de construção e criação tenha, de forma evolutiva, sua finalidade e significado.
Design Thinking não é algo puramente espontâneo, mas resultado de diversos ciclos de consolidação, destilação e simplificação de complexidades. Por isso, elencamos abaixo os 10 Mandamentos do Design Thinking.
1- Entenda o Design como Simplicidade, sem Preterir o Compromisso com a Inovação
Chega a ser redundância qualificar o Design como simplicidade, uma vez que o conceito tem tal elemento inserido em sua essência. Porém, simplicidade não pode ser confundida com simploriedade, ou seja, algo realizado sem o devido embasamento ou substância, resultado de um processo pouco qualificado em termos de análise de variáveis e adequação ou até mesmo ausência de processo. Não que a obrigação de inovar, a espontaneidade e os arroubos de criatividade e inspiração não sejam legítimos e imperativos aqui; pelo contrário, mas seria apenas Design, e não Design Thinking.
2- Exercite o Thinking com Finalidade
O processo de avaliação, análise, diagnóstico, reflexão, ponderação, consideração e demais recursos analíticos e racionais são necessários e válidos na medida em que não bastam em si próprios, mas têm uma finalidade específica e buscam um resultado que possa contribuir com o processo de Design como um todo. E esta finalidade central está em simplificar as complexidades de uma extensa linha de raciocínio e reflexão em conceitos sólidos e significativos. Portanto, Design Thinking serve para resolver um problema específico, claro, com finalidade absolutamente mapeada e detalhada.
3- Adote a Visão Única do Usuário como Premissa
Seguir as diretrizes do Design Thinking só se verifica quando está claro o perfil de usuário para o qual se destina o resultado do processo criativo-produtivo (um produto por exemplo). Compreender as variáveis associadas ao produto em si – necessidades, demandas, expectativas e desejos que serão atendidos; contexto de aplicação, usabilidade e benefícios esperados – e, principalmente do próprio público – perfil demográfico, psicográfico, comportamental, social e cultural – de forma integrada, buscando uma finalidade única que possa ser resolvida-expressada de forma simplificada e intuitiva é essencial para o processo de Design Thinking.
4- Olhe o Específico, sob Diversos Pontos de Vista Complementares
Ao encarar problemas complexos, a abordagem comumente adotada é a de separá-los em partes que serão analisadas em detalhe, de forma isolada. O risco implícito está em, durante o processo de evolução da análise, perderem-se as origens e o alinhamento às finalidades originalmente definidas, o que pode tornar o problema ainda mais complexo e o caminho de análise sem volta. Assim, avaliar cada parte isoladamente é válido, contanto que o processo de Design Thinking promova rodadas freqüentes de alinhamento e identificação de complementariedades entre cada análise particular, garantindo que os esforços caminhem para a mesma direção.
5- Olhe o Sistêmico, de um Único Ângulo Integrado
A partir do olhar específico e particionado, porém alinhado e complementar, o processo de Design Thinking deverá proporcionar uma visão macro que detalhe as interações, impactos e conseqüências que cada parte específica realiza no sistema como um todo. Com tal visão sistêmica é relevante definir os principais cenários de evolução – a serem priorizados pelos usuários beneficiados – que irão pautar as rodadas seguintes de evolução do Design Thinking. Portanto, colaborar com o usuário, tendo-o no centro da cadeia de evolução do Design Thinking é um método que pode fazer sentido.
6- Prototipe, Reprototipe, Prototipe
Para que a Visão do Usuário se torne Única, uma vez que parte de múltiplas visões distintas, é necessário que a cada estágio de evolução de um conceito, produto ou serviço, por exemplo, crie-se um protótipo, um modelo, uma representação gráfica, enfim, uma tangibilização do que se pretende que seja o resultado do processo. Tal representação tem como objetivo ser apresentada e testada pelo público ao qual se destina tal inovação, de forma que este possa, a cada nova rodada, trazer opiniões expressivas que possam direcionar o processo de evolução do protótipo.
7- Simplifique, Simplifique, Simplifique
O grande desafio do Design Thinking está em simplificar as coisas sem abandonar o que é essencial, os elementos que necessitam permanecer na formatação e resultado final. É um exercício de desapego e de priorização inerente ao processo de Design Thinking que pode ser de difícil decisão para quem executa, mas de melhores resultados para quem se beneficia.
8- Avalie, Reavalie, Avalie
Realizar avaliações e reavaliações contínuas, tanto dos protótipos, quanto dos produtos finalizados, através da percepção dos envolvidos e de indicadores de inovação, negócio e operação, faz parte de um processo consistente de Design Thinking.
9- Reconheça que Melhores Resultados Derivam de Melhores Processos
A partir do aprendizado obtido nos ciclos anteriores, a metodologia e os processos de Design Thinking ganham novos níveis de sofisticação, maturidade e eficiência que permitem a obtenção de melhores resultados. Dessa forma, o processo de Design Thinking deve, ele próprio, passar por um processo de Design Thinking, simplificando e otimizando suas etapas, atividades e entregas.
10- Incorpore a Complexidade em Design
Após a realização do processo de Design Thinking sistematizar a complexidade analítica tanto em um processo mais otimizado, quanto em um produto definitivo de Design que resplandeça a riqueza do processo construtivo, é a garantia de melhores resultados e valor gerado pelo Design Thinking.
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