O diálogo é um dos mais difíceis aspectos para desenvolver em uma escrita de qualidade. Há diversos pequenos erros que você deve tentar evitar, tais como:
Linguagem robótica
Diálogos que não soam como uma fala natural não prendem a atenção do leitor. Ao ler, você deseja entrar na história, fazer parte dela!
Preenchimento
Diálogos que não adicionam nada na cena e não contribuem para um melhor entendimento dos caracteres são apenas “encheção de lingüiça”. O seu leitor não tem tempo a perder.
Exposição Demasiada
Novamente a encheção de lingüiça. Gente, não pense que seu leitor é burro! Se Maria falou que vai à feira, ela não precisa dizer novamente: “À feira eu vou”.
Nomeação
Não abuse escrevendo repetidamente os nomes dos interlocutores.
Uso excessivo de “Modificadores”
Modificadores de diálogo são elementos que influenciam no ato de falar dos interlocutores, tais como: gritou, exclamou,
chorou, sussurrou, gaguejou, opinou, insinuou e milhares de outros. Eles podem ser muito úteis às vezes, mas são freqüentemente utilizados como ponto de crítica para um diálogo mal elaborado.
chorou, sussurrou, gaguejou, opinou, insinuou e milhares de outros. Eles podem ser muito úteis às vezes, mas são freqüentemente utilizados como ponto de crítica para um diálogo mal elaborado.
Aqui vão alguns exercícios que podem ajudar você a melhorar suas técnicas de escrita de diálogos:
- Escreva coisas que você fala ao longo do dia. Examine seu próprio padrão de diálogo. Você não precisa pegar cada palavra, mas você pode descobrir que fala muito menos do que pensa e que suas declarações são extremamente curtas. Talvez você descubra também que raramente fala frases completas.
- Encontre um lugar qualquer, como um restaurante, um bar, ou um shopping e escreva alguns tópicos sobre coisas que ouve. Não tente lembrar conversas inteiras, apenas siga em frente e com uma breve mudança de contexto, vá para o próximo “alvo”. Se estiver preocupado em parecer suspeito, use seu palmtop ou aparelho de celular, eles fazem com que pareça que você está trabalhando ou jogando aquele joguinho legal, não espionando.
- Teste respostas de uma mesma pergunta. Pense em uma pergunta que requer ao menos um pouco de reflexão e questione várias pessoas diferentes. Compare suas respostas. Lembre-se de que seu foco são as palavras. Escreva-as assim que puder.
- Grave alguns programas de TV como noticiários, talkshows, comerciais, jogos de futebol etc. Transcreva os diálogos utilizando os nomes das pessoas. Se você não souber os nomes, use apenas descrições como “o anunciante” ou “a mulher de cabelo vermelho”. Compare diálogos entre programas de ficção e não-ficção que você gravou. Procure por expressões de boas vindas, descrições, vícios verbais (tais como, “você sabe”, “uhhhh”, “bem” etc.). Compare como esses diálogos mudam conforme o tipo de programa.
- Reescreva os diálogos dos programas que o exercício 4 propõe, tentando recriá-los tão precisamente quanto possível. Note como pode ser fácil ou difícil recriar o programa inteiro e também como pode ser fácil ou difícil o entendimento para quem está lendo. Finalmente, reescreva-os eliminando qualquer parte que possa ser irrelevante. Perceba, após isso, quais os pontos que foram melhorados e como a leitura ficou mais fácil.
- Novamente usando o exercício 4, reescreva os diálogos acrescentando tudo que for possível. Mude a cena, mude o propósito das pessoas que falam, mude o tom etc. Veja como pode ser fácil ou difícil usar as mesmas palavras para falar em tons diferentes.
- Escreva um diálogo para uma cena sem usar nenhum modificador. Apenas escreva uma conversa que flui naturalmente. Após o término, adicione descrições narrativas, mas nada de modificadores como “falou”, “gritou”ou “ordenou”. Ao invés disso, tente trabalhar o diálogo dentro da ação, numa progressão lógica de declarações. Finalmente, adicione alguns modificadores que sejam absolutamente necessários, mas mantenha-os o mais simples possíveis com expressões como “disse”, “contou”, ou “perguntou”. Repetindo, use-os apenas caso não tenha outra opção. Compare-os então, com antigos diálogos que você tenha escrito e veja o que você gostou ou não em relação às mudanças.
- Escreva uma cena onde uma pessoa conte a outra uma história. Tenha certeza em estar escrevendo um diálogo e não uma narrativa em primeira pessoa. Identifique claramente que uma pessoa está contando e outra está ouvindo, fazendo perguntas ou comentários. O propósito deste exercício não é a história que está sendo contada, mas sim as reações da pessoa que está ouvindo (em forma de diálogo escrito, evidentemente).
- Escreva uma cena onde uma pessoa esteja ouvindo a outras duas argumentando ou discutindo. Por exemplo, uma criança ouvindo seus pais falando sobre dinheiro. Use este “terceiro personagem” para narrar o que está acontecendo, ele sequer precisa entender os argumentos completamente.
- Escreva um diálogo entre dois mentirosos. Dê a tudo que eles falarem um duplo ou triplo sentido, mas nunca diga, em qualquer parte da narrativa, que eles estão mentindo. Depois, peça para alguém ler seu texto e perceba suas reações. É uma forma de verificar se seu diálogo causa entendimento imediato.
- Escreva uma conversa em que ninguém diga mais de 3 palavras por linha. Novamente, nada de modificadores para explicar o que se passa através da narração. Use a narração apenas para descrever ou melhorar a cena, não para explicar o diálogo.
- Escreva uma cena onde muitas pessoas estejam falando. Esta habilidade é uma característica dos mestres do diálogo, já que é muito difícil manter muitos personagens engajados em uma conversa de forma a manter o leitor consciente do que está acontecendo e das idéias e interesses de cada um dos interlocutores. Veja quantos personagens você consegue ir acrescentando, até que seja impossível entender o que está acontecendo.
Fonte: Writer’s Resource Center (Livre tradução e adaptação)
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